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Poeta catarinense
com dedos podres
e mania de flâneur

Autor de "Cá Entre Nós -
Odes de Alusão e Ilusão"

SOB O SIGNO DA INTIMIDADE


Intimidade é estar no outro
sem ressalvas. Entrar e sair
sem reservas nem cautelas

E, sem sustos, adentrar
na linha densa de arbustos
da não-familiaridade

É um seguir de rastros fundos
e lentos em espaço aberto, 
habitat pouco a pouco desbravado

Costuma ser assim (diz o povo):
quanto mais se dá
mais se tem

Mas que intimidade é essa
que não se oferece,
não se insinua

não revolve o lastro
e não é marasmo
nem navegação?

[Um coser de palavras
imprecisas e austeras
ao largo dos carretéis]

A que trama compete
o ato, a um só tempo,
ser ricto e sorriso?

Eis o mito:
uma boca entreaberta
tatuada nos lençóis


[Que intimidade é essa
que não é íntima?]