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Poeta catarinense
com dedos podres
e mania de flâneur

Autor de "Cá Entre Nós -
Odes de Alusão e Ilusão"

HOMEM-RATO


O silêncio na casa 
sinaliza terreno seguro.
Ele se esgueira para fora:
 orelhas em pé,
 olhos vidrados
      

              ante

              pata
  ante
             pata

 e tem o ar aturdido
  de quem se assusta
  com a própria 
                       cara
  com o próprio 
                       susto

vai à despensa 
em busca de grãos
esquecidos na véspera
  ou revira as estantes
  para páginas de livros
  (bastante nutritivos
  para fins de digestão)

até encontra
pelo caminho
 um rato ou outro,
 homem ou outro,
que não o veem
e nem por ele
são vistos

ao menor sinal
                     de ruído
ele corre, espavorido,
 de volta ao fundo
 mais profundo

 do quarto
 toca