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Poeta catarinense
com dedos podres
e mania de flâneur

Autor de "Cá Entre Nós -
Odes de Alusão e Ilusão"

CONTRAPONTO

                                                     (para Magno)

Acho que andam me crescendo
olhos e ouvidos 
sob a pele

Como explicar o mistério
de ouvir vozes
que não ouço

A sandice de ver 
coisas que a vista 
não alcança

Vejo e ouço -
basta que o vento
me toque o rosto

Ora um homem 
a coçar o meio 
das costas

(Não, não houve
tempo em que o homem.
O homem nunca foi.) 

Ali, onde estão 
para lhe nascer
as asas

(Cotovia era andorinha
e fazia verão. Mas nunca
sozinha.)

Ora uns murmúrios 
vindos do norte

Recém chegados
em plena sala-selva

Acho que andam me crescendo
caras e bocas
 
de quem tem fomes novas:
escancaradas