Começa a anoitecer
no apartamento:
as poses distintas
são hoje do mesmo homem.
Decido catar eu mesmo
as guimbas.
Abafo o manequim,
recolho o maço de fotos.
Lembrar de mim: a noite
é um evocar de vultos.
Olho ao redor
com olhos vinte anos
mais velhos.
Lembro de mim
vexador atravessando
o salão do bar-restaurante
no apartamento:
as poses distintas
são hoje do mesmo homem.
Decido catar eu mesmo
as guimbas.
Abafo o manequim,
recolho o maço de fotos.
Lembrar de mim: a noite
é um evocar de vultos.
Olho ao redor
com olhos vinte anos
mais velhos.
Lembro de mim
vexador atravessando
o salão do bar-restaurante
feito uma Lisa Fonssagrives
em pleno trote.
Gazela altiva - pezinhos
em ponta - olhar enviesado.
Nem um passo incerto
ao lembrar de mim
de pé junto ao
timão
à bordo da galena
dos boquiabertos.
Cortando ares,
mares, selvas
e areais
desconquistas,
dissoluções,
desacessos.
À noite, aos pares,
os vultos se enfileiram.
Lembro de mim,
narinas queimadas,
poppers e parafernálias.
a tomar apontamentos:
conhecer-se
no desejo
em pleno trote.
Gazela altiva - pezinhos
em ponta - olhar enviesado.
Nem um passo incerto
ao lembrar de mim
de pé junto ao
timão
à bordo da galena
dos boquiabertos.
Cortando ares,
mares, selvas
e areais
desconquistas,
dissoluções,
desacessos.
À noite, aos pares,
os vultos se enfileiram.
Lembro de mim,
narinas queimadas,
poppers e parafernálias.
a tomar apontamentos:
conhecer-se
no desejo
do Outro
é tomar
é tomar
do Outro
o desejo
o desejo
por si.
E começar a anoitecer
no apartamento
como se a noite fosse
um constante lembrar
de mim.
Algo se mexe
ao fundo da sala.
Passa por mim como se
me atravessasse.
Noto pelos cantos
dos olhos. Está aqui.
Algo estar aqui e a noite ser
invólucro de vultos,
desfile de sombras.
E começar a anoitecer
no apartamento
como se a noite fosse
um constante lembrar
de mim.
Algo se mexe
ao fundo da sala.
Passa por mim como se
me atravessasse.
Noto pelos cantos
dos olhos. Está aqui.
Algo estar aqui e a noite ser
invólucro de vultos,
desfile de sombras.