Aquele muro que avistamos,
a nos circundar, não nos resguarda.
Não é esta a sua finalidade.
É antes uma insólita alegoria
de algo que nos isola.
Do que de nós não se evade.
Flâmula zombeteira
e fixa no horizonte.
Flâmula zombeteira
e fixa no horizonte.
Não é fruto dum consenso,
nem de um acordo. Não conclui nada.
É um decreto silencioso, irrevogável
como as rochas que o compõe.
Está encravado nas linhas do fim
para que incautos não o transponham.
para que incautos não o transponham.
Ali, haverá de permanecer,
enquanto não for desfeito.
enquanto não for desfeito.
Este muro, ao contrário do que possa
parecer,
não indica tempos de paz.
não indica tempos de paz.
É indício de uma guerra armada.
De teu avô alveneiro herdaste
o talento para a dureza.
Homem que era de tão poucas
palavras.