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Poeta catarinense
com dedos podres
e mania de flâneur

Autor de "Cá Entre Nós -
Odes de Alusão e Ilusão"
A VAIDADE COMO SUBSTITUTA DA VERDADE

     Por que será que certos indivíduos parecem capazes de dedicar tamanha atenção a si mesmos ao passo em que se demonstram tão profundamente desconhecedores de suas próprias verdades? Ora, se passam tanto tempo a contemplarem-se, mesmerizados, na superfície espelhada que projetam diante de si, natural seria é que se defrontassem com algumas questões, digamos, muito específicas acerca de suas próprias identidades. E que por conseguinte se conhecessem muitíssimo bem. Mas não - pelo contrário - nesses casos a vaidade é que faz as vezes de verdade, ditando o rigor da moral e o peso dos costumes, operando verdadeiramente como leme e bússola para essas tremelicantes existências.
     É como se aos poucos a vaidade substituísse a necessidade de autoconhecimento: a imagem refletida no espelho é nítida e vibrante, enquanto a outra, a imagem real, é inextricável e soturna. Embora metódicos em suas frivolidades - já que o culto a si mesmo requer um rigor quase ritualístico - é interessante notar que o mesmo rigor de método não se aplica a eles próprios. A vaidade, nesses casos, é uma rota própria. Se confrontados com esta perspectiva, natural é que acuem-se no susto e protejam-se na negação absoluta. Mas há o baque seco do corpo físico de encontro ao espelho que projetaram.
     Haverá de chegar o dia em que, enfastiados desse enlace, ressintam-se consigo mesmos pelo tempo perdido? E quando, por fim, chegar o momento de remover a máscara ressequida de maquiagem que tão zelosamente compuseram, haverão de reconhecerem-se no rosto de um recém chegado?


EIS A VERDADE

Psicografei um romance inteiro.
Ou seja, este me foi ditado por um espírito errante e transmitido através de minhas trêmulas mãos, os olhos devidamente vendados.
A crítica não me apanhará: qualquer eventual desconforto no que tange às temáticas da obra, qualquer apontamento insidioso em relação à falta de ritmo, à prolixidade, à cacofonia no título, deverá tudo ser creditado ao espírito Autor e não a mim.
Que fique claro, a questão de meu talento pessoal não haverá de ser discutida. Cumpri para com meu ofício de puro e simples receptáculo. Permanecerei intacto.
Mas prevejo cochichos. Lançamento mais ou menos por agora.
Provável pseudônimo na ocasião da publicação.


A NUDEZ DA VERDADE

     ...as larvas apresentam cabeça bem desenvolvida, não retrátil, com peças bucais mastigadoras.            Segue-se o corpo, composto somente de tórax e abdome, formado por doze segmentos e dois pares de pseudópodos. Cada pseudópodo é provido de numerosas garras que auxiliam na locomoção e na fixação da larva no interior do casulo.
      Algumas larvas são sedentárias, vivendo dentro dos casulos ou no interior de tubos fixos; outras são consideradas livres, transportando seus próprios casulos, ou, mesmo, nuas, não fabricando casulo algum.